O impacto da desinformação nas eleições 2020

O impacto da desinformação nas eleições 2020

Algumas pesquisas mostram que os brasileiros são os que mais acreditam em boatos na internet

A pandemia tem impactado as campanhas eleitorais no Brasil. Devido às recomendações de saúde para evitar agrupamentos de pessoas, há uma tendência de que as campanhas de rua percam força diante do debate político na internet.

Para Rizzo*, já que boa parte da campanha ocorrerá em mídias digitais, a expectativa é que nessa eleição o discurso de ódio proveniente da polarização política esteja bastante presente, o que exigiria maior cuidado com a difusão de "fake news". No entanto, ela afirma que "não adianta o poder público querer fazer campanhas contra desinformação em cima da eleição. Esse é um processo que deve ocorrer antes".

"Eu não vejo nada muito diferente do que a gente viu em 2018 em termos de inovação da desinformação, mas eu também não vejo medidas, tecnológicas inclusive, que possam ser adotadas para impedir que campanhas de desinformação de última hora sejam eficientes" afirma Nalon. Ela defende que as plataformas digitais devem agir, retirar materiais enganosos e incentivar o jornalismo profissional. "Incentivar não é apenas usar o conteúdo jornalístico para dar mais contexto, mas pagar para que veículos especializados façam esse trabalho de contexto e de fornecimento de informações profissionalmente verificadas".

O presidente da ABCOP (Associação Brasileira de Consultores Políticos), Carlos Manhanelli, também acredita que este será um pleito atípico e que o mundo digital terá ainda mais influência, o que ficaria evidente na preocupação manifestada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em relação às "fake news". No entanto, ele lembra que cerca de 25% da população não possui internet em suas residências. "Um quarto do eleitorado influencia muito os resultados de uma eleição", destaca.

É consenso, porém, entre os especialistas entrevistados, que as soluções para o problema da desinformação passam por um maior debate entre os diversos atores da sociedade, como governo, plataformas, técnicos em Tecnologia da da Informação (TI), jornalistas e a academia. "Todos temos responsabilidades: poder público, empresas e indivíduos", define Rizzo.

*Alana Rizzo, jornalista e cofundadora do Redes Cordiais, projeto de educação midiática

Fonte: Trecho retirado da matéria “Infodemia: Brasil é terreno fértil para a disseminação de notícias falsas”, de Raul Galhardi para portal Uol.

Publicado em 07/10/2020 às 10:15

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