Declarações do governador demostram desprezo pelo serviço público e despreparo para o cargo que ele ocupa
Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, nessa segunda-feira (20), o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), na tentativa de justificar a necessidade de se aprovar a reforma com o objetivo de desafogar as contas públicas do Estado, fez duras críticas aos sindicatos. “No último governo, quando o funcionário público estava sendo prejudicado, esses sindicalistas não levantaram a mão, porque eles podiam dar emprego para um punhado de gente da turminha deles. Eu não trouxe ninguém da minha família e nenhum amigo para trabalhar comigo. Esse pessoal que estava acostumado com esse tipo de rachadinha é que agora fica dando do contra”, disparou.
Zema ainda fez comparação entre os servidores e os profissionais da área privada, alegando que, mesmo com todas as mudanças, o funcionalismo público ainda tem um tratamento “preferencial”. E acrescentou que os servidores públicos vivem em uma “ilha da fantasia”. Tais declarações repercutiram mal e mostram o despreparo do chefe do Executivo estadual para lidar com a situação.
De acordo com a matéria publicada no portal O TEMPO dessa segunda-feira, as falas do governador não foram bem recebidas pelos líderes partidários na ALMG. Eles foram unânimes ao dizerem que a postura pode atrapalhar as articulações políticas em torno da reforma da Previdência, que está em tramitação no Parlamento.
O deputado Sávio Souza Cruz (MDB), líder do Minas Tem História, maior bloco da ALMG, disse que, “se ele (Zema) fez de caso pensado, há de se pensar que o governador não quer apoiar nenhum tipo de reforma, porque são declarações que dificultam muito a construção de uma convergência na Casa”. Ainda sobre as afirmações do chefe do Executivo, Sávio ironizou: “Recebi as declarações de forma estupefata. A sensação é que hoje o governador não tomou o Rivotril, a cloroquina, o que quer que seja, mas não faz nem muito o estilo dele”. E completou: “Essas declarações não constroem (diálogos). Não sei o que passou pela cabeça do governador e lamento que ele tenha tomado essa atitude”.
Já fez um mês que a proposta do governador foi entregue à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), tendo passado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na qual foi dividida. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55/2020 foi enviada para a Comissão Especial, e o Projeto de Lei Complementar (PLC) 46/2020 seguiu para a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social. No momento, as análises das reformas estão suspensas devido ao recesso dos deputados, que será até o dia 3 de agosto.
Desde então, os representantes sindicais intensificaram uma dura batalha em defesa dos direitos dos servidores públicos, prevendo com a aprovação da reforma muitas mudanças, inclusive o aumento das alíquotas e do tempo necessário para concessão da aposentadoria.
Na semana passada, após inúmeras solicitações das entidades para que houvesse um debate amplo e justo em outro momento, no pós-pandemia, os representantes sindicais tiveram um tempo para se manifestar, mas este foi de apenas 15 minutos, em seminário promovido na ALMG entre os dias 13 e 16 para discutir o teor da reforma da Previdência.
O SINDSEMPMG, assim com as demais entidades sindicais, não tem medido esforços em defesa dos direitos dos servidores. O sindicato repudia a fala grotesca do governador que tem demonstrado não ter o mínimo de respeito pelos servidores públicos e pelas entidades sindicais que os representam.
Fonte: Assessoria de Comunicação
com informações: (Fonte: portal O TEMPO, acesso em: 20 jul. 2020).
Publicado em 21/07/2020 às 16:37