Chile hoje pode ser o Brasil de amanhã, dizem economistas

Chile hoje pode ser o Brasil de amanhã, dizem economistas

 

 

Assim como no país vizinho, no Brasil o 1% mais rico da população detém mais de 25% da renda

 

Como nessa comparação, os protestos no Chile mostram que, apesar de haver indicadores da economia melhores que os do Brasil, por exemplo, a população está sofrendo porque os ricos estão mais endinheirados e os pobres mais miseráveis. O que deu errado na economia chilena? O Brasil tem algo a aprender?
 

Compare indicadores de Chile e Brasil
 

  • Salário mínimo: R$ 1.700 (Chile) / R$ 998 (Brasil)
     
  • Renda média anual: US$ 25,2 mil (Chile) / US$ 15,7 mil (Brasil)
     
  • Desemprego: 7,3% (Chile) / 12,2% (Brasil)
     
  • Inflação: 2,4% (Chile) / 2,9% (Brasil)
     
  • Expectativa de alta do PIB neste ano: 2,9% (Chile) / menos de 1% (Brasil)
     

Brasil tem de olhar o que acontece no Chile

 

"O maior problema no Chile é a péssima distribuição de renda", afirma o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP Paulo Feldmann.
 

“São poucos os lugares do mundo em que o 1% mais rico da população ganha mais de 25% da renda total do país. Na América Latina, em apenas dois países isso acontece: no Chile e no Brasil” - Paulo Feldmann, professor da USP

Para Feldmann, o Brasil precisa ficar atento ao que aconteceu no Chile.
 

“O Chile foi o primeiro país da América Latina a entrar de cabeça na política neoliberal, quando o governo acredita que o mercado resolve tudo. E a verdade é que muitas vezes o governo precisa planejar a economia”. - Paulo Feldmann

 

Previdência privada e suicídio de idosos

 

Para o economista e professor da PUC-SP, Carlos Eduardo Carvalho, um dos principais sintomas dessa desigualdade no Chile é o sistema de aposentadoria. "A questão da previdência é gravíssima", declarou.

 

O sistema de previdência, que era público, mudou nos anos 1980. Cada trabalhador teve que assumir a própria poupança para o futuro. Sem nenhum centavo do governo nem das empresas, as pessoas tiveram que passar a reservar de 10% a 15% da renda para a aposentadoria, colocando o dinheiro em empresas privadas, para investir no mercado financeiro.

 

Como a idade mínima para aposentadoria é de 60 anos para mulheres e 65 para homens, só agora as pessoas perceberam que essa reserva não é suficiente para pagar as contas. E elas não têm a quem recorrer.

 

Um quadro que tem levado desespero a muitos idosos. Segundo dados do próprio governo chileno, o número de suicídios entre os maiores de 80 anos chegou a 17,7 para cada 100 mil habitantes, o percentual mais alto na América Latina.

 

“O atual modelo econômico do Chile não consegue dar uma resposta para esse aumento da desigualdade. As pessoas estão desencantadas e se afastando da política”. - Carlos Eduardo Carvalho, economista e professor da PUC-SP.

 

Preço do cobre caiu; peso chileno está desvalorizado

 

O economista afirma que a economia chilena é baseada na exportação de produtos primários. O cobre, a principal fonte de riqueza do Chile, vale hoje 40% menos que em 2011.

 

O peso do chileno também está se desvalorizando. Caiu 25% desde fevereiro do ano passado.

 

Aumento do metrô: dinheiro tem de vir de algum lugar

 

Quando o governo decidiu aumentar a tarifa do metrô, foi como acender um fósforo perto de um barril de gasolina.

 

"Não existe almoço grátis", disse o professor do Insper, Roberto Dumas.

 

“Eles [manifestantes] querem mais presença de Estado, mas o dinheiro tem que vir de algum lugar. E a única forma de reduzir desigualdade é com crescimento econômico”. – Roberto Dumas

 

Fonte: UOL

 

Publicado em 29/10/2019 às 13:32

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