Zema terá maioria na Assembleia de Tadeuzinho, mas sem porteira aberta

Zema terá maioria na Assembleia de Tadeuzinho, mas sem porteira aberta
Imagem: Clarissa Barçante/ALMG

Parece que governo reeleito Zema (Novo) não entendeu que matemática não é política. Ele tem maioria de mais de 50 votos na nova Assembleia Legislativa, que tomou posse na ultima quarta-feira (1/02), mas a porteira não está aberta para passar o rodo. Ao contrário da cartilha bolsonarista, significa que Zema2.0 não irá aprovar tudo e de tudo. (Ainda há deputados em Minas!, plagiando o moleiro de Sans-Souci, quando avisou o rei Frederico II (Prússia), em 1720, que havia juízes em Berlim contra a eventual tirania dele).

Tadeu Leite (MDB), ou Tadeuzinho, foi eleito novo presidente com a unanimidade de 76 votos (a eleita Chiara não pode votar por ser, pela lei, menor de idade até o final do mês).

 

Legislativo terá 3 blocos

Zema precisa levar isso a sério. Ao contrário do que articulava, desejando apenas dois blocos, serão três na Assembleia. O primeiro bloco governista, maior, tem 37 votos e será liderado por quem, até outro dia, era da oposição: o PSD de Cássio Soares. O mesmo partido de Kalil, que enfrentou e perdeu para Zema na eleição de outubro passado. E mais, na legislatura passada, Cassio comandou duas CPIs contra o governo. Cássio disse que isso é página virada e que haverá respeito entre eles, mas confiança não é algo ingênuo ou instantâneo. Além disso, é preciso também ter a confiança do presidente da Casa.

O segundo bloco, também governista, tem cerca de 20 deputados e será comandado por Gustavo Santana (PL), que abriu dissidência na eleição da direção da casa, mas é 100% Zema. “Nosso bloco é 100 por cento governista e apoiamos também o atual secretário de Governo. O secretário Igor Eto é o melhor nome do governo para a relação com os deputados. Sabe ouvir e conversar”, disse Santana.

O terceiro é de oposição e tem os outros 20, sob o comando do PT. Tudo somado, são 57 governistas contra 20 oposicionistas. Essa é a matemática, mas política é outra coisa. Três observações importantes: a Assembleia é presidencialista, ou seja, é o presidente que pauta a casa e os projetos que votará. Segundo, ainda haverão ondas de influência o ex-presidente Agostinho Patrus sobre o grupo que ajudou a eleger. Terceiro, um deputado apenas, de acordo com o regimento, pode parar e obstruir os trabalhos. A oposição tem 20, com muita experiência.

 

Saldo de três derrotas

A formação de três blocos configurou a terceira derrota consecutiva do governo, em especial de seu coordenador político, o secretário Igor Eto. Primeiro, eles queriam eleger um aliado na presidência. Não deu; depois, trabalharam para indicar, pelo menos, a primeira vice-presidência. Perderam também, vai ficar com o PT da conterrânea de Tadeu, a combativa Leninha. Na terceira derrota, Igor prometeu que seriam apenas dois blocos, Não entregou, serão três. Em resumo, em situações normais, isso derrubaria um secretário de Governo, para satisfação do ex-deputado Marcelo Aro (PP), que manobra para sucedê-lo. Mas Zema pensa diferente, e os deputados gostam de Igor. Uns, por considerarem sua fraqueza; a maioria, sua lealdade. 

 

Chapa única será eleita

Com Tadeuzinho, subiram à direção da Mesa, os seguintes deputados e deputada:

Tadeu Leite (MDB) – Presidente:

Leninha (PT) – 1ª Vice-presidente

Duarte Bechir (PSD) – 2º Vice

Betinho Coelho (PV) – 3º Vice

Antonio Arantes (PL)- 1º Secretário

Alencar da Silveira (PDT) – 2º Secretário

João Vitor Xavier (Cidadania) – 3º Secretário

 

Agostinho deixa lições

Em suas últimas palavras como presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PSD) deixou mais um recado: “ALMG mantendo a semente que foi plantada de independência. Governo reeleito em 1º turno não conseguiu emplacar o seu “escolhido” e houve bloco independente que criei e fui o 1º líder em 2008. Depois foram líderes Inácio Franco, Tiago Ulisses, eu novamente e, depois, Cássio. Tiago e Inácio no período em que fui secretário de estado. Aprendizados muitos: saber ouvir e respeitar a opinião do outro. Discutir, discordar e conciliar. Parlamento é isso”, disse ele ao ALÉM DO FATO. Ele tomou posse no dia 02/02 como conselheiro do Tribunal de Contas de Minas, depois de ser eleito pela unanimidade dos deputados.

Fonte: Além do Fato, com alterações

 

Publicado em 06/02/2023 às 13:42

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